EXPEDIÇÃO CHILE – Diário
de Bordo 16
(13-14
de janeiro de 2018 – Purmamarca e Tilcara)
Dia
13 de janeiro foi o dia de retornar à estrada depois de 5 dias e 5 noites em
San Pedro de Atacama. Acordamos às 6:40 horas; e depois de nos vestirmos colocamos
nossas malas no carro e fomo tomar café; um pouco antes da 8:00 horas saímos do
hotel seguindo a rota indicada pelo GPS. Logo na saída da cidade encontramos
uma Aduana e ficamos na dúvida se teríamos de realizar algum trâmite nela ou
não; ela não estava aberta ainda; para evitar problemas, paramos e fomos
perguntar a alguns guiar turísticos que estavam aguardando com grupos de
turistas; nos informaram que nosso caso todo o procedimento seria em Passo de
Jama; ali era apenas para quem se dirigia à Bolívia, cuja fronteira é muito
próxima. Como a maioria dos anteriores, vamos escrever este diário em tópicos.
ROUPA
- nesse trajeto alcançaríamos nossa maior altitude durante toda a viagem,
próxima dos 4.800 metros acima do nível do mar; então é fundamental usar calça
comprida, calçado fechado, uma camisa de manga comprida ou blusa e levar no
carro pelo menos uma jaqueta. Se for de motocicleta, a roupa de viagem com
forro térmico é indispensável; nesse dia e horário passamos em locais com
temperatura abaixo de zero (-1º negativo para ser exato; mas sensação térmica,
com o vento do deserto, é de temperatura inferior a essa).
TRAJETO
– o trajeto até Purmamarca possui um pouco mais de 300 quilômetros e inclui a
passagem pela Aduada integrada Chile Argentina, em Passo de Jama, onde há posto
de combustível e uma lanchonete. Se você está de motocicleta a sugestão é
completar o tanque nesse local; se está de carro, em direção à Salta, da mesma
forma. Como iríamos ficar uma noite em Purmamarca, optamos por lanchar, mas não
abastecemos pois tínhamos ainda dois terços do tanque. A próxima cidade, depois
da Aduana, é Susquez, mas não vimos posto de combustível próximo à estrada.
ANIMAIS
NA ESTRADA – durante todo o trajeto encontramos animais nas faixas laterais da
estrada e, em pelo menos 3 situações, animais atravessando a estrada. Foram
vicuñas (no trecho mais alto, ainda no Chile), burros e Lhamas (no trecho
argentino). São animais de médio porte e um atropelamento pode causar um
acidente grave, em especial no caso das motocicletas. Então não exagere na velocidade
e não viaje a noite... e toda a atenção na pista e no que se encontra às suas
margens.
DESLIZAMENTOS
E TRECHOS COM PISTA ÚNICA – a rodovia, no trecho argentino onde inicia mais
propriamente a descida dos Andes estava, quando passamos, com uma série de
pontos com deslizamentos atingindo a pista. Em alguns deles havia apenas pista
livre para passar um veículo por vez. Também encontramos máquinas realizando a
limpeza e alguns trechos sem asfalto, em especial em curvas. Não é recomendável
rodar nesse trajeto a noite; e mesmo durante o dia é preciso muito cuidado.
Como estávamos preocupados em observar a pista, acabamos esquecendo de fotografar;
temos apenas um vídeo parcial na GoPro.
"REGALOS" PELO CAMINHO – na parte chilena viajamos sempre em grande altitude; a nossa
vista era tomada por montanhas nevadas e vulcões; encontramos também algumas
lagoas salgadas, com flamingos, e um riacho com as águas parcialmente
congeladas. A quantidade de animais que se avista é bastante grande, de todo o
trajeto, como já salientado no item anterior. Depois de passarmos a Aduana há
um trecho sem nada a destacar... após Susques passamos pelas Salinas de Jujuy; é
um visual bonito; há pontos para estacional, andar pelas salinas e fotografar.
Mas a paisagem é realmente mais bonita quando no trajeto no meio
das montanhas andinas, em especial quando se começa a descer; avistamos belos
vales e cânions entre exuberantes montanhas que vão mudando de cor a medida que
diminui a altitude.
COMBUSTÍVEL
– chegando em Purmamarca descobrimos que não há posto de combustível na cidade
e que precisaríamos ir à Tilcara para abastecer. A ida à Tilcara já estava na
nossa agenda em razão da sugestão de amigos... então nenhum problema... mas
pode ser problema para quem não tiver abastecido em Passo de Jara, pois ir à
Tilcara implica em um desvio de aproximadamente 50 quilômetros (entrada e saída)
para quem segue em direção à Salta.
PURMAMARCA
– um vilarejo perdido no meio dos Andes, cercado de montanhas por todos os
lados. É muito pequeno e fica à margem na rodovia (ou é cortado por ela,
considerando que há duas pistas, uma nova que passa em paralelo, e outra mais
antiga, praticamente por dentro). É um ponto de passagem onde muita gente se
hospeda, indo ou voltando de San Pedro do Atacama. As ruas são de terra e
quando acontece de chover, como ocorreu em nossa estadia, ficam tomadas de
barro. Há algumas opções de locais para comer (mas é preciso não ser muito
exigente) e vários hotéis e hostels. O povoado é conhecido em razão do “Cierro
de Sete Colores” (ou “La Paleta del Pintor) que fica nas montanhas do lado
direito que quem vem do Chile e que pode ser melhor avistado da praça central
ou da entrada da cidade, vindo de Tilcara ou Salta. No dia em que chegamos
ocorria uma festa popular, com músicos que utilizam um instrumento denominado
de “caixa” tocando e cantando pela cidade. À noite, mesmo com um pouco de
chuva, saímos para fazer um lanche; o principal problema foi encontrar local
para estacionar... ao passarmos pela praça vimos que mesmo com tempo não
favorável a festa continuava, com pessoas dançando na rua e músicos tocando na
praça. No dia seguinte acordamos, tomamos café e em torno de 10:00 horas saímos
do hotel com a ideia de passarmos na praça para fotografarmos “La Paleta” e
rumarmos para Salta. Atrás da praça há uma pequena igreja construída no
século XVII, também incluída no nosso roteiro. Ao chegarmos na praça ela estava tomada por dezenas de
barracas de artesanato... então, além das fotografias, dedicamos um tempo para
caminhar e olhar o que estava sendo oferecido... ficamos por ali em torno de
duas horas. Na saída da cidade percebemos pelo espelho que a imagem de “La
Paleta”, na saída/entrada da cidade, era ainda mais visível... então paramos e
tiramos novas fotos. No local havia um ônibus do Brasil, da cidade de Erechim,
e muitos carros de turistas argentino.
TILCARA
– foi o grande ganho do dia. Fomos à Tilcara abastecer e almoçamos no
restaurante que existe no único posto da cidade, logo na sua entrada. Depois
entramos para conhecer. Há duas bonitas praças; na maior delas havia uma feira
de artesanato montada em seu redor, deixando-a cercada, com entradas apenas nas
quatro esquinas; as barracas ficam todas voltadas para o centro da praça. Havia
peças bem interessantes, muitas de origem indígena, e com preços mais baixos
que em San Pedro. A outra praça fica em frente à igreja e nela havia muitos
grupos de jovens conversando, como é comum em cidades pequenas. A igreja é
muito bonita e parece bastante antiga, em especial pelo seu interior com peças
esculpidas em madeira. Ao retornar ao carro decidimos procurar no GPS por
atrações... e ele indicou “Ruínas de Pukará” a 1,5 quilômetros... decidimos ver
o que era. Ganhamos o dia! El Pucará de Tilcara é um sítio arqueológico e é
mantido pela comunidade indígena; lá estão as ruínas e muitas construções
restauradas de um antigo povoado, com séculos de existência. Por ele, além dos
indígenas locais, também passaram os Incas, cuja presença pode ser percebida,
entre outros locais, na construção denominada de “La Iglesia”, onde eram
realizados os rituais de adoração ao sol e sacrifícios. Fica no ponto alto da
cidade e de lá se tem uma vista exuberante da região. É cobrado ingresso que dá
direito de acessar o sítio arqueológico, o jardim botânico e o museu (este fica
no centro da cidade). Uma parada nessa região se justifica plenamente, se não
por outro motivo, pelo menos para essa visita.
HOTEL
– ficamos no hotel mais conhecido (e provavelmente mais caro de Purmamarca),
recomendado por amigos e reservado pleo Booking: Terrazas de la Posta. É bem
localizado, os quartos são amplos e confortáveis, há garagem coberta, mas foi
uma decepção em vários pontos: (a) a internet não funcionava; a desculpa, à
noite, foi a chuva; mas no dia seguinte, com sol, continuou não funcionando;
(b) havia uma goteira no banheiro, que é possível perceber, pelo estrago no
teto, que já existe há algum tempo; (c) a água não tem pressão; com isso na
torneira há apenas um fio de água e o chuveiro não consegue abrir o jato
d’água, parecendo uma bica; (d) no café da manhã, que a princípio estava bem
servido, a reposição foi incompleta; alguns itens que a Sandra quis repetir não
retornaram quando ocorreu foi realizada a reposição (mais tarde, quando
retornamos para entregar a chave na portaria, percebemos que os itens haviam
sido repostos... de qualquer forma a reposição foi seletiva, o que não deveria
ocorrer; o itens consumidos deveriam ser repostos e disponibilizados aos demais
hóspedes de forma imediata e integral); (e) na maioria das vezes que procuramos
a portaria não havia ninguém; e quando havia não conseguia resolver o problema
ou nos dar respostas satisfatórias; e (f) não garantem aos turistas
estrangeiros que fazem reserva pelo Booking o direito de isenção do IVA; para
ter esse direito precisaríamos, pela legislação, pagar com cartão de crédito
estrangeiro, o que o hotel não permite aos hóspedes com reserva pelo aplicativo...
isso gerou um aumento na faixa de 20% no valor que tivemos de pagar. Nossa
experiência com certeza não foi positiva; não recomendamos... o custo (o mais
alto de toda a nossa viagem) não justifica o que é oferecido. A sugestão,
considerando que o que há para ver em Purmamarca, é “La Paleta”, é passar pela
cidade, fazer a visita, tirar as fotos, e se hospedar em Tilcara.
Quanto ao nosso próximo Diário de
Bordo, ele abrangerá o restante do trecho argentino, passando por Salta e
Corrientes até chegar no Brasil. Não é um roteiro “turístico”, mas sim um
trecho basicamente de rodagem e descanso... por isso a decisão de reunir o
período de 14 a 16 de janeiro, até nossa chegada em Foz do Iguaçu, em único
texto.
Um comentário:
Fantastico registro. Parabens.
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