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terça-feira, 13 de novembro de 2018

RODANDO PELO OESTE AMERICANO (5)

RODANDO PELO OESTE AMERICANO – 17/9/2018
Pós-diário de Bordo 5 – Kingmann-Sedona
(Seligman, Prescott Valley e Jerome)

Escrevi o texto abaixo, no meu facebook, na chegada ao hotel em Sedona, no dia a que se refere este pós-diário. Ele representa bem meus sentimentos durante essa viagem e por isso é com ele que inicio a pequena narrativa do nosso segundo dia de HD nas estradas do oeste americano.
Hoje na estrada, pilotando uma HD Ultra Limited na Rota 66 fiquei pensando na minha história: nascido na periferia de uma cidade do interior do RS, filho de mãe operária e pai ‘sucateiro’ e analfabeto, minha história poderia ter sido muito diferente. E sei que devo minhas vitórias, em grande parte, à minha mãe. Uma mulher à frente de seu tempo: alfabetizada, feminista e liberal... se sacrificou trabalhando dia e noite para garantir educação de qualidade para os seus filhos... ambos viraram doutores (doutores de verdade, com Doutorado). Obrigado mãe... espero que estejas bem, onde quer que estiveres. Teu filho venceu... e está realizando todos os sonhos, dele e teus.
Pela manhã acordamos cedo, arrumamos as malas e tomamos café. Depois do café retornamos ao quarto para pegar nossos equipamentos de rodagem e fechar as malas. Havíamos levado para o quarto apenas uma parte das malas; de um total de quatro que vieram conosco para os EUA, duas haviam ficado no caminhão. Tínhamos nos organizado da seguinte forma: uma mala para mim e outra para a Sandra desceriam em todas as paradas; as outras duas, uma com roupas e objetos que apenas usaríamos na etapa seguinte (de carro) e outra (que veio com os equipamentos de segurança e roupas para rodar de motocicleta) com compras feitas em Las Vegas, roupas e objetos que apenas seriam utilizados no vôo de retorno e algumas roupas sujas, ficariam guardadas no caminhão durante os cinco dias rodando de HD.


Novamente com um pouco de atraso pegamos a estrada. Dia de sol e calor para um percurso de aproximadamente 340 quilômetros, saindo de Kingmann até chegar em Sedona (https://goo.gl/maps/6s8DaWkMoMN2). Rodamos em torno de uma hora até nossa primeira parada, em torno da 9:30: uma grande reta na Route 66 para tirarmos fotos emolduradas com a paisagem semidesértica cortada pela rodovia. Ficamos nesse local o tempo necessário para que todos tirassem suas fotos com as motocicletas. Como é uma rodovia de uso regular, era necessário observar o trânsito, colocar a motocicleta, fazer a pose, fotografar e sair no intervalo de passagem entre um veículo e outro. Não é um local de muito trânsito, mas ele existe e exige cuidado. Na maior parte do tempo fomos nós, as motocicletas e o silêncio do Oeste Americano.


Nossa segunda parada, depois de rodados em torno de 140 quilômetros desde a saída do hotel, já próximo das 11:30, foi na pequena cidade de Seligman (https://www.trilhasecantos.com.br/2016/09/seligman-arizona-rota-66.html), inspiradora de muitos cenários e personagens do filme Carros, da Disney. Ela é uma cidade que possui atualmente menos de 500 habitantes e que vive fundamentalmente do turismo. Suas lojas e atrações se encontram à beira da Route 66, que passa pelas suas entranhas. Eu e Sandra aproveitamos também para passear um pouco nas proximidades de onde estacionamos a HD, olhando os carros antigos e tirando muitas fotografias. Essa pequena cidade é um museu vivo, a céu aberto.



Nossa parada, de forma mais específica, foi no Historic Seligman Sundries (https://www.youtube.com/watch?v=dcZeunqczvo). Nele tomamos um verdadeiro café expresso e compramos lembranças da Route 66: camisetas, imã de geladeira, placa para colocar na parede e copinho para tomar whisky no estilo cowboy; todos personalizados com o símbolo tradicional da histórica rodovia americana. Segundo o nosso guia, ali se serve o melhor café expresso da Route 66. É de propriedade de um amistoso casal de estrangeiros que ali chegou há alguns anos e acabou ficando em definitivo. Um pouco estranho, para quem não está acostumado, foi ver a proprietária com uma enorme pistola na cintura... de verdade, é claro. Afinal são os EUA. 


Saímos de Seligman e retomamos à Rota 66. Nossa próxima parada foi para almoçar e abastecer as motocicletas. Nesse dia comemos um sanduíche na Subway (no Brasil eu nunca tinha experimentado... é comível... kkkk...). E depois um picolé para aplacar o calor... o dia estava extremamente quente. Quando todos estavam devidamente alimentados, retornamos à estrada. Nosso trajeto à tarde, em direção à Sedona, foi pelo Prescott Valley, subindo a Woodchute Mountain e depois descendo por Jerome. Um trajeto de tirar o folego, pela beleza e pelas curvas que sobem e descem pelas encostas das montanhas.
O nosso RC não havia comentado sobre a subida e nem sobre as curvas. Fomos tomados de surpresa, a medida que elas foram aparecendo e se tornando cada vez mais fortes, com pelo menos dois cotovelos com um espaço bastante reduzido para realizar as manobras. Pessoalmente não gosto de pilotar em curvas quando estou em grupo. Tenho muito respeito por elas e as faço em velocidade muito baixa. Quando estamos apenas nós, isso não causa nenhum problema. Mas quando se está em grupo, significa reduzir a velocidade do grupo como um todo, inclusive com os riscos que isso pode ocasionar com motocicletas muito próximas umas das outras. E não sabendo das curvas, lá estávamos nós puxando o bonde, logo após o carro da HT... foi bem estressante, em especial porque em alguns momentos me senti pressionado pelas motos que vinham atrás.
Após as curvas mais fortes havia um mirante, à direita. O carro da HT parou para tirarmos fotografias; eram aproximadamente 16:00. E para mim foi um alívio... estacionei a motocicleta longe das demais e fiquei um tempinho respirando fundo; tinha sido um sufoco em razão da pressão das motocicletas que vinham depois de nós. Na sequência procurei o Ponsoni e pedi a ele que quando houvesse outros trechos com curvas acentuadas como essas que me avisasse antes para que eu me colocasse bem no fim do bonde, como última motocicleta antes do caminhão que carregava as malas. Inclusive foi o que fiz quando retomamos a estrada; e foi dessa forma que andei até Sedona. 



Antes de Senona passamos por Jerome. Uma belezinha de cidade encravada nas montanhas. Senti muito não termos parado para andar um pouco pelas suas ruas. A cidade foi fundada pelos mineradores de cobre e teve seu auge econômico no final do século XIX e início do século XX. Depois, com o abandono da mineração no local, a cidade foi praticamente abandonada. Nos 1960 e 1970 serviu de refúgio para artistas que renovaram suas casas e reabriram lojas abandonadas para vender seus produtos. Atualmente é uma cidade vida, com escritores, artesãos, músicos, historiadores e outras artistas que lá fixaram moradia. É um local que gostaríamos de retornar, com certeza; mas para ficar uma noite e curtir um pouco o local.
De Jerome descemos as montanhas e rumamos para Sedona, onde chegamos já no final da tarde. Eram aproximadamente 17:30. Em Sedona a primeira tarefa foi abastecer as HDs; depois rumamos para o hotel Hampton inn Senona (https://hamptoninn3.hilton.com/en/hotels/arizona/hampton-inn-sedona-FLGSDHX/index.html), onde novamente fomos recebidos no estacionamento com Jack Daniels e cerveja gelada. Dessa vez havíamos rodado menos, ainda era dia, e o grupo estava mais disposto e alegre. As meninas inclusive ensaiaram alguns passos de coreografia, jogando os cabelos para frente e para trás. Vencida a bebemoração da chegada, pegamos as chaves e nos instalamos em nossos quartos.


Em frente ao hotel havia um restaurante de massas, o Picazzo’s (http://www.picazzos.com/index.html). Optamos por jantar ali, pois poderíamos ir a pé. Alguns outros casais disseram que também iriam e pediram para que reservássemos uma mesa. Fomos os primeiros a chegar no local... os demais furaram... kkkk... e lá estávamos, apenas nós, em uma grande mesa que havíamos reservado. Mas aos poucos outros membros do grupo foram chegando: veio o pessoal de Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, Ceará e EUA (havia rodando conosco um casal de brasileiros que atualmente reside nos EUA, acompanhados da filha). A mesa encheu e tivemos uma noite descontraída, em ótima companhia. Depois de jantar, retornamos ao hotel e fomos dormir. No dia seguinte a estrada novamente nos aguardava.

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