RODANDO
PELO OESTE AMERICANO – 19/9/2018
Pós-diário
de Bordo 7 – Page
(Monument
Valley)
O dia
amanheceu mais frio que os anteriores; e a previsão do tempo para o dia incluía
chuva no deserto. Levantamos, nos vestimos e descemos para tomar o café. O café
estava excelente, no padrão americano. Alimentados retornamos ao quarto para
pegar alguns itens necessários para o dia de estrada.
Os
acessórios para rodar (joelheiras, luvas, capacetes e jaquetas) ficaram durante
toda a viagem na motocicleta: umas das vantagens de rodar com um Ultra Limited é
exatamente as amplas malas com chaves. Também já estavam nas malas as capas de
chuva, lá colocadas já no primeiro dia.
Esse foi
um dia diferente porque retornamos ao mesmo hotel, em Page. A saída foi pela
manhã, no horário padrão (com o atraso padrão), retornando para o mesmo local
da partida... com isso tivemos um dia sem necessidade arrumar as malas.
O
trajeto (https://goo.gl/maps/KP9KDv4Eqcq)
do dia foi de aproximadamente 400 quilômetros (ida e volta), rodando por paisagens
deslumbrantes do Arizona até chegar ao Monument
Valley National Park, já no estado de Utah.
O
primeiro ponto que queremos deixar registrado é que rodar por essas estradas do
Arizona foi um retorno aos tempos de criança. A cada trecho lembranças dos filmes
de cowboy assistidos nos anos 1960 e 1970... de John Wayne e dos Westerns
(faroestes) que embalaram nossa infância (minha muito mais do que da Sandra).
Mas a imagem que mais me vinha a mente era de um filme recente: Cowboys e
Aliens; a explicação provável é que além de ele se passar integralmente nessa
região, foi assistido há muito menos tempo.
O
segundo ponto a ser destacado nesse dia foi o tempo: frio e chuva no deserto do
Arizona. Nos outros dias rodamos com tempo muito seco, com baixa umidade do ar;
e com temperaturas que chegaram aos 41,5ºC. Já o quarto dia rodado de
motocicleta nos trouxe chuva, vento e uma temperatura que chegou aos 11,5ºC.
Quando
saímos do hotel o tempo já estava um pouco mais fresco do que de costume. Mas
foi na estrada que a chuva nos alcançou e a temperatura caiu. Eu e Sandra,
seguindo a orientação recebida da HT, tínhamos levado capas de chuva; e isso
fez diferença. A temperatura baixa, com chuva e vento, traz um grande
desconforto físico se você não estiver devidamente protegido. Acabamos usando
apenas as jaquetas de chuva; as pernas, considerando que usamos joelheiras o
tempo todo, estavam bem protegidas.
Mas
quando olhava para os demais motociclistas do grupo, muitos de camiseta, me
colocava no lugar deles e chegava a sentir o frio cortante e o quanto eles
deveriam estar sofrendo, em especial aqueles que estavam em motocicletas menos protegidas
(as Ultra Limited possuem aquecedor de manoplas e o morcegão e as os depósitos
do líquido do radiador existentes no mata-cachorro protegem bastante do vento e
mesmo da chuva).
Dessa
situação ficou a confirmação de que devemos sempre carregar na motocicleta (e/ou
no corpo) os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários. Em períodos
mais frios uma opção é rodar com roupas especiais, de cordura (com ou sem forro
térmico, dependo da temperatura), que servem tanto para aquecer quanto para proteger
das intempéries. É o que fazemos regularmente, com exceção do verão, quando usamos
uma roupa mais leve e levamos junto as capas de chuva.
Retornado ao passeio
em si: esse foi um dia que realizamos o sonho de muitos, conhecer e rodar pelo EUA,
entre os estados de Arizona e Utah, em pleno deserto, vislumbrando a cada
trecho as imagens que no passado tínhamos visto nas telas de cinema. Foi o dia em
que mais curtimos a paisagem que nos abraçava enquanto a motocicleta acelerava
em meio ao nada. Será um dia ficará para sempre em nossas lembranças. Além
disso foi um momento raro: poucos são os viajantes que poderão contar que
rodaram de motocicleta no Deserto do Arizona com frio e chuva.
Próximo ao meio dia
chegamos ao nosso destino, o Navajo Tribal Park (https://navajonationparks.org/tribal-parks/monument-valley/),
no estado de Utah. Lá tiramos muitas e muitas fotografias; não sabemos se foram
as mais bonitas, mas com certeza foram as mais marcantes da etapa da viagem
realizada sobre duas rodas.
O Parque Monument Valley da Nação Navajo é um dos mais majestosos e mais fotografados locais do planeta. Esse grande vale possui esculturas naturais de arenito que se elevam a alturas de 120 a 300 metros, emolduradas por nuvens que projetam suas sombras no chão do deserto.
Depois da longa sessão
de fotos almoçamos no próprio local, no restaurante que fica no Centro de
Visitantes. Comemos belos hambúrgueres... só para manter o hábito... kkkk...
Depois do almoço vagamos um pouco pela loja de souvenires que há no local, onde
compramos camisetas e imãs de geladeira. Entretanto, o que mais chamou nossa
atenção foram as joias (ou semijoias) artesanais produzidas pelos Navajos, que
são os administradores do local. Belíssimas... da mesma forma os preços.
Saindo
da loja, mais algumas fotografias, um breve descanso, e a chuva chegando. Fomos
todos para o estacionamento para pegarmos as motocicletas, a estrada, e
retornarmos ao hotel. Colocamos as jaquetas das capas de chuva para nos
proteger; a chuva da tarde foi mais longa e forte do que a que pegamos pela
manhã. No retorno a mesma beleza e as mesmas lembranças... apenas agora com
menos Sol.
No
meio da tarde tivemos uma parada para abastecimento das motocicletas e para fazer
um lanche rápido. Depois rumamos para o hotel, onde se repetiu a recepção de
sempre: cerveja gelada e Jack Daniels. O Bourbon aqueceu o corpo e a alma, em
especial daqueles que sofreram com o frio e a chuva sem a proteção adequada.
Para a
noite decidimos jantar com o restante no grupo em uma “churrascaria” tradicional
americana. Fomos praticamente os últimos a chegar ao restaurante, que estava
lotado. Tivemos que aguardar na fila. Quando conseguimos sentar e fomos fazer o
pedido, praticamente todas as opções do cardápio já estavam esgotadas. Tivemos
de pedir o prato que restava disponível; e cerveja. Além disso, sentamos parte
externa do estabelecimento, em um espaço coberto de lona e plástico; e estava
um pouco frio.
Depois de jantar ficamos um tempo conversando com os companheiros de viagem, mas não muito. A opção foi retornar cedo para o hotel onde um espumante californiano nos aguardava no quarto. A qualidade dos vinhos e espumantes produzidos nos EUA foi uma surpresa extremamente positiva. Consumimos várias garrafas, regra geral a noite, nos quartos dos hotéis. São bem mais baratos nas lojas de bebidas do que nos bares e restaurantes; e são uma ótima opção para fechar a noite e relaxar.
E
assim se encerrou nosso penúltimo dia da parte motociclística da viagem. No dia
seguinte retornaríamos para Las Vegas.
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