RODANDO
PELO OESTE AMERICANO – 23/9/2018
Pós-diário
de Bordo 10 – Ridgecrest - Fresno
(Sequoia
National Park)
Saindo do hotel buscamos um posto de gasolina. Era a primeira
vez que abasteceríamos, sem ajuda. Durante o período rodando de motocicleta, o
pessoal da HT abastecia as motos, nós apenas fazíamos fila, parávamos as motos
nas bombas, e eles completavam e pagavam. Agora, teríamos de experenciarmos o self service adotado pelos postos de combustíveis
americanos. Optamos por utilizar dinheiro nos abastecimentos e não cartão de
crédito. No caixa, entreguei 50 dólares e me foi indicada a bomba liberada. Fui
até ela, tirei a tampa do tanque (percebi então que a entrada de combustível
dos carros é um pouco diferente da nossa, no Brasil preparada para esse tipo de
abastecimento sem especialista), escolhi o tipo de combustível, peguei o bico,
encaixei no carro e apertei o gatilho segurando até ele desativar, o que ocorre
quando o tanque chega ao nível máximo. Muito simples; a partir dessa primeira
experiência, passamos a chegar nos postos nos sentindo quase americanos.

O Parque das Sequóias (gigantes) é imenso, grandes (muito
grandes) são as sequóias. À medida que avançamos a estrada cortando a mata,
sentíamo-nos pequenos. É difícil descrever o local: as árvores têm a altura de
prédios, há árvores jovens, muito altas, mas com os troncos mais finos, e
árvores adultas, já com os troncos bem mais avantajados... e há também árvores
bastante velhas, com seus imensos troncos. Rodar entre as sequóias nos fez
perceber o quão pequenos nós somos no conjunto da natureza.
Em um determinado momento da estrada, chegamos a um local
devastado pelo incêndio ocorrido há alguns meses; muita mata queimada, árvores
centenárias destruídas e deitadas pelo fogo; imensas clareiras no meio da
floresta. Serão dezenas (ou mesmo centenas de anos) para que a mata se
recomponha; as sequóias são árvores muito grandes e que exigem um longo tempo
de crescimento. Na sequência da estrada observamos locais atingidos pelos
incêndios sendo limpos, especialmente as áreas nas quais havia risco de as
árvores caídas rolarem para a estrada.
Nesse cenário que alternava o deslumbrante da floresta viva e
a tristeza da floresta derrubada pelo fogo fomos subindo as montanhas, ora cercados
pelo verde acolhedor, ora cercados pelos escombros deixados pelo incêndio; e de
repente, uma surpresa: ao realizar uma curva em cotovelo, à direita, em
baixíssima velocidade, eis que um cervo (ou veado) surge na estrada, à esquerda
do carro. Parei para que não houvesse qualquer risco de choque. Ele veio em
direção ao carro e por alguns poucos segundos ficamos observando um ao outro
pela janela do motorista. Foi um momento mágico.
Continuamos nossa subida e chegamos ao Museu das Sequóias,
onde também funciona um Centro de Visitantes com venda de souveniers, lanches e
bebidas. Estacionamos o carro e entramos, tiramos uma série de fotos e
compramos um imã de geladeira. Depois aproveitamos para dar uma breve caminhada
pelos arredores, observando o porte gigante das sequóias e tirando mais
fotografias. Como a distância a ser percorrida nesse dia era grande e tínhamos
tido um grande atraso em decorrência do ocorrido pela manhã, decidimos retornar
para o carro e continuar a travessia do parque.

Como optamos por atravessar o parque, nossa saída ocorreu
pela outra saída e não por aquela pela qual entramos (embora o GPS insistisse
em querer nos enviar de volta para ela). Seguimos então nosso caminho,
começando agora a descida em meio às sequóias. De relance vimos um segundo
cervo, agora do lado direito, próximo à estrada. Depois de rodar alguns
quilômetros nos despedimos das imensas sequóias que continuarão para sempre
povoando nossas lembranças. É provável que não voltemos a vê-las nessa nossa
passagem pelo planeta... afinal há muitos e muitos lugares ainda não conhecidos
e a ideia é, a princípio, não repetir... cada viagem um novo destino.
Saímos do parque já quase no final na tarde, sem almoço.
Comemos o que tínhamos no carro: basicamente algumas sementes. Retornando à
estrada buscamos um posto de combustível para abastecer o carro e comprar algo
para comer. Paramos em um na beira da estrada, porém não havia muitas opções em
termos de alimentos, optamos por comprar batatas fritas de saquinho; uma
escolha com menores riscos. Também completamos o tanque. No posto havia um
grupo de motociclistas com HDs, mas nos olhavam de forma muito estranha;
pareciam não ser americanos e nem amistosos... kkkk... então evitamos qualquer
contato ou aproximação. Abastecido o carro retomamos a estrada.
As estradas rodadas depois de sair do Sequoia National Park cortavam imensos vales tomados por pomares de
árvores frutíferas. Já havíamos rodado em dias anteriores pelo deserto, pela
floresta e agora estávamos em uma região de produção de frutas e de vinhos.
Depois de muita estrada chegamos ao nosso destino, a cidade de Fresno (https://www.visitcalifornia.com/br/attraction/fresno). Cansados, fomos direto para o hotel, o Hampton Inn & Suites Clovis (https://hamptoninn3.hilton.com/en/hotels/california/hampton-inn-and-suites-clovis-airport-north-FATCLHX/index.html). O check in foi rápido e pudemos ir para o quarto.
Não havia restaurante no hotel, então procurei um na
internet, utilizando a função “explorar” do Google Maps. Percebi que a maioria
fechava muito cedo, entre 21 e 22 horas. Tivemos que nos apressar para podermos
jantar. Estávamos com fome já que o dia começou um pouco estressante e nos
tomou muita energia. Entre as opções encontradas, uma surpresa: um restaurante
brasileiro, o Rio Grill (http://www.riogrillbrazil.com/). Foi nossa escolha imediata -
saudade de arroz, feijão e do nosso tempero.
Pegamos o
carro e nos dirigimos para o restaurante usando o GPS. Chegamos ao local
indicado e percebemos que era uma região gastronômica, com vários restaurantes,
alguns instalados em um mesmo prédio amplo e com várias entradas e espaços
devidamente individualizados. E os restaurantes são cercados por vias de rodagem
e muitas vagas de estacionamento. É possível escolher o que e onde comer; no
nosso caso, a escolha já tinha sido feita.


Enquanto jantávamos,
conversamos com a menina que atendia as mesas, também brasileira. Ela nos disse
que junto com a família estava há anos nos EUA. Aproveitamos para perguntar
sobre o percentual de gorjeta que sempre vem indicado nas contas (regra geral
alternativas na faixa de 18, 20, 22%). Um amigo brasileiro havia nos informado
que o pagamento era obrigatório e que podíamos escolher apenas o percentual.
Ela nos disse que não, a gorjeta não era obrigatória; segundo ela paga quem
quer e os percentuais indicados são apenas sugestões. Fiquei mais tranquilo
para administrar essa questão a partir de então, pagando ou não com base na
qualidade do serviço prestado por quem me atendia. Em alguns locais em que
fomos imensamente bem atendidos; mas em outros ficamos abandonados; serviram-nos
e apareciam apenas no final da refeição perguntando se queríamos algo mais; se
a resposta era não, simplesmente entregavam a conta e desapareciam.
Depois de jantar e pagar a nossa
conta, retornamos ao carro e nos dirigimos ao hotel. Estávamos bastante
cansados do dia exaustivo que tivemos. Era hora de dormir para no dia seguinte
pegar novamente a estrada. A Sandra não havia passado bem o dia, em especial
pela manhã, com muita sonolência (provavelmente decorrente da medicação para
gripe que havia tomado); era necessário descansar. Seriam quase 500 km até
nosso destino; e no caminho havia a visita a Yosemite. No entanto o que mais nos preocupava era a chegada a San Francisco - uma cidade grande, com
trânsito intenso, uma realidade diversa de tudo o que tínhamos vivenciado até
este momento. Mas isso é história para o próximo pós-diário.
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