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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

RODANDO PELO OESTE AMERICANO (10)


RODANDO PELO OESTE AMERICANO – 23/9/2018
Pós-diário de Bordo 10 – Ridgecrest - Fresno
(Sequoia National Park)

O café da manhã do hotel foi oferecido no Charlie's Pub and Grill, que fica ao lado da recepção. Entregaram-nos um cardápio com algumas opções para beber e comer, foi o melhor café da manhã em toda a viagem: além de típico americano, tudo era muito bom, feito na hora e grande; não conseguimos comer tudo. Concluído o café da manhã e tiradas algumas fotos, retornamos ao quarto para pegar nossas bagagens e colocar no carro. Feito isso, fomos à recepção do hotel e devolvemos as chaves. Era hora de retornar à estrada, agora para rodar aproximadamente 530 km em direção a Fresno (https://goo.gl/maps/AES7gMoPdLR2).
Saindo do hotel buscamos um posto de gasolina. Era a primeira vez que abasteceríamos, sem ajuda. Durante o período rodando de motocicleta, o pessoal da HT abastecia as motos, nós apenas fazíamos fila, parávamos as motos nas bombas, e eles completavam e pagavam. Agora, teríamos de experenciarmos o self service adotado pelos postos de combustíveis americanos. Optamos por utilizar dinheiro nos abastecimentos e não cartão de crédito. No caixa, entreguei 50 dólares e me foi indicada a bomba liberada. Fui até ela, tirei a tampa do tanque (percebi então que a entrada de combustível dos carros é um pouco diferente da nossa, no Brasil preparada para esse tipo de abastecimento sem especialista), escolhi o tipo de combustível, peguei o bico, encaixei no carro e apertei o gatilho segurando até ele desativar, o que ocorre quando o tanque chega ao nível máximo. Muito simples; a partir dessa primeira experiência, passamos a chegar nos postos nos sentindo quase americanos.
Abastecido o carro, fizemos um breve giro por algumas ruas da cidade e, em seguida, indicamos no GPS nosso próximo destino: Sequoia Forest... um erro que nos custou duas horas rodando pelas estradas erradas até percebermos que estávamos perdidos; o destino correto era Sequoia Park. As estradas pelas quais rodamos, indevidamente, eram belíssimas, com muitas curvas, morros, serras e com uma vegetação diferente do que havíamos visto. Somente quando chegamos em uma estrada não asfaltada, desconfiamos... kkkk... valeu muito o visual e a oportunidade de rodar por lugares nos quais, normalmente, não teríamos rodado – em uma região bem interiorana, de pequenas comunidades e ranchos.
Feito o retorno, conseguimos voltar ao destino correto. Demorou um pouco porque, no local em que estávamos perdidos, não havia sinal que permitisse redirecionar o GPS. Só conseguimos fazer isso depois de termos rodado algum tempo no sentido inverso ao que tínhamos feito inicialmente. Até hoje não temos certeza do trajeto efetivamente rodado. O mapa que está postado  representa o trajeto que imaginamos ter feito, considerando as indicações que temos nos vídeos que fizemos (placas indicativas de locais e um ônibus escolar com a localidade escrita na lateral).

Retomando a estrada, dirigimo-nos então para o Sequoia National Park (https://www.nps.gov/seki/index.htm). Chegamos às cabines para pagar a entrada (o preço de ingresso em todos os parques é basicamente o mesmo, 30 dólares por carro, com direito a uma semana) e descobrimos que nos domingos o ingresso é gratuito em todos os parques americanos... pela primeira vez algo sem custo nos EUA... kkkk... Ingressamos e começamos a nos sentir abraçados pelas matas.
O Parque das Sequóias (gigantes) é imenso, grandes (muito grandes) são as sequóias. À medida que avançamos a estrada cortando a mata, sentíamo-nos pequenos. É difícil descrever o local: as árvores têm a altura de prédios, há árvores jovens, muito altas, mas com os troncos mais finos, e árvores adultas, já com os troncos bem mais avantajados... e há também árvores bastante velhas, com seus imensos troncos. Rodar entre as sequóias nos fez perceber o quão pequenos nós somos no conjunto da natureza.
Em um determinado momento da estrada, chegamos a um local devastado pelo incêndio ocorrido há alguns meses; muita mata queimada, árvores centenárias destruídas e deitadas pelo fogo; imensas clareiras no meio da floresta. Serão dezenas (ou mesmo centenas de anos) para que a mata se recomponha; as sequóias são árvores muito grandes e que exigem um longo tempo de crescimento. Na sequência da estrada observamos locais atingidos pelos incêndios sendo limpos, especialmente as áreas nas quais havia risco de as árvores caídas rolarem para a estrada.
Nesse cenário que alternava o deslumbrante da floresta viva e a tristeza da floresta derrubada pelo fogo fomos subindo as montanhas, ora cercados pelo verde acolhedor, ora cercados pelos escombros deixados pelo incêndio; e de repente, uma surpresa: ao realizar uma curva em cotovelo, à direita, em baixíssima velocidade, eis que um cervo (ou veado) surge na estrada, à esquerda do carro. Parei para que não houvesse qualquer risco de choque. Ele veio em direção ao carro e por alguns poucos segundos ficamos observando um ao outro pela janela do motorista. Foi um momento mágico.
Continuamos nossa subida e chegamos ao Museu das Sequóias, onde também funciona um Centro de Visitantes com venda de souveniers, lanches e bebidas. Estacionamos o carro e entramos, tiramos uma série de fotos e compramos um imã de geladeira. Depois aproveitamos para dar uma breve caminhada pelos arredores, observando o porte gigante das sequóias e tirando mais fotografias. Como a distância a ser percorrida nesse dia era grande e tínhamos tido um grande atraso em decorrência do ocorrido pela manhã, decidimos retornar para o carro e continuar a travessia do parque.
 Além dessa parada fizemos outras duas ou três, em outros pontos do parque, para tirarmos fotografias e admirar a beleza e grandiosidade dessas que estão entre as maiores árvores do planeta. Por dois motivos – termos tido uma certa dificuldade de encontrar e depois porque exigia uma caminha para dentro da floresta – acabamos não visitando a General Sherman (https://vivimetaliun.wordpress.com/2016/02/18/general-sherman-arvore/), considerada a maior árvore do mundo levando em conta o somatório de três elementos: altura, diâmetro e idade. Tínhamos ainda muita estrada pela frente e não queríamos ter de rodar a noite em uma região totalmente desconhecida. O ocorrido pela manhã nos fez optar por conhecer, no Sequoia National Park, apenas as atrações que estavam próximas da estrada.
Como optamos por atravessar o parque, nossa saída ocorreu pela outra saída e não por aquela pela qual entramos (embora o GPS insistisse em querer nos enviar de volta para ela). Seguimos então nosso caminho, começando agora a descida em meio às sequóias. De relance vimos um segundo cervo, agora do lado direito, próximo à estrada. Depois de rodar alguns quilômetros nos despedimos das imensas sequóias que continuarão para sempre povoando nossas lembranças. É provável que não voltemos a vê-las nessa nossa passagem pelo planeta... afinal há muitos e muitos lugares ainda não conhecidos e a ideia é, a princípio, não repetir... cada viagem um novo destino.
Saímos do parque já quase no final na tarde, sem almoço. Comemos o que tínhamos no carro: basicamente algumas sementes. Retornando à estrada buscamos um posto de combustível para abastecer o carro e comprar algo para comer. Paramos em um na beira da estrada, porém não havia muitas opções em termos de alimentos, optamos por comprar batatas fritas de saquinho; uma escolha com menores riscos. Também completamos o tanque. No posto havia um grupo de motociclistas com HDs, mas nos olhavam de forma muito estranha; pareciam não ser americanos e nem amistosos... kkkk... então evitamos qualquer contato ou aproximação. Abastecido o carro retomamos a estrada.
As estradas rodadas depois de sair do Sequoia National Park cortavam imensos vales tomados por pomares de árvores frutíferas. Já havíamos rodado em dias anteriores pelo deserto, pela floresta e agora estávamos em uma região de produção de frutas e de vinhos. Depois de muita estrada chegamos ao nosso destino, a cidade de Fresno (https://www.visitcalifornia.com/br/attraction/fresno). Cansados, fomos direto para o hotel, o Hampton Inn & Suites Clovis (https://hamptoninn3.hilton.com/en/hotels/california/hampton-inn-and-suites-clovis-airport-north-FATCLHX/index.html). O check in foi rápido e pudemos ir para o quarto.
Não havia restaurante no hotel, então procurei um na internet, utilizando a função “explorar” do Google Maps. Percebi que a maioria fechava muito cedo, entre 21 e 22 horas. Tivemos que nos apressar para podermos jantar. Estávamos com fome já que o dia começou um pouco estressante e nos tomou muita energia. Entre as opções encontradas, uma surpresa: um restaurante brasileiro, o Rio Grill (http://www.riogrillbrazil.com/). Foi nossa escolha imediata - saudade de arroz, feijão e do nosso tempero.
Pegamos o carro e nos dirigimos para o restaurante usando o GPS. Chegamos ao local indicado e percebemos que era uma região gastronômica, com vários restaurantes, alguns instalados em um mesmo prédio amplo e com várias entradas e espaços devidamente individualizados. E os restaurantes são cercados por vias de rodagem e muitas vagas de estacionamento. É possível escolher o que e onde comer; no nosso caso, a escolha já tinha sido feita.
Chegamos ao Rio Grill e fomos recebidos por um atendente brasileiro (depois conversando com ele descobrimos que era de Goiânia); ele nos informou que considerando o horário (estava perto de fechar), precisava verificar junto à cozinha se ainda havia condições de nos atender tendo em vista que eles trabalhavam com espeto corrido. Enquanto isso ficamos aguardando e dando uma olhada no bufe que estava servido. Era pequeno comparado aos existentes no Brasil. Mas havia arroz, feijão, farofa, saladas, pimentas e outros alimentos que bem lembravam o nosso país. Ele retornou dizendo que teriam condições de nos servir.
É claro que antes de sentar perguntei o valor da refeição por pessoa: 45 dólares (algo próximo de R$ 200,00 por pessoa); levei um susto... kkkk... mas a vontade de comer, depois de vários dias, uma comida com gosto de Brasil falou mais forte e ficamos. Como estávamos de carro, o acompanhamento foi Coca-Cola e água. As carnes servidas, da mesma forma que o bufe, não foram muito variadas, mas eu comi e repeti. Mesmo não se comparando aos espetos corridos existentes no Brasil, a possibilidade comer churrasco com arroz, feijão e farofa já foi suficiente. Levamos em consideração que chegamos quase na hora de fechar por isso a variedade, nessas situações, já seria naturalmente mais restrita. A Sandra achou muito fraco; eu não tive do que reclamar tinha olhado o bufê e percebido as restrições e também tinha consciência do preço - foi uma escolha consciente.
Enquanto jantávamos, conversamos com a menina que atendia as mesas, também brasileira. Ela nos disse que junto com a família estava há anos nos EUA. Aproveitamos para perguntar sobre o percentual de gorjeta que sempre vem indicado nas contas (regra geral alternativas na faixa de 18, 20, 22%). Um amigo brasileiro havia nos informado que o pagamento era obrigatório e que podíamos escolher apenas o percentual. Ela nos disse que não, a gorjeta não era obrigatória; segundo ela paga quem quer e os percentuais indicados são apenas sugestões. Fiquei mais tranquilo para administrar essa questão a partir de então, pagando ou não com base na qualidade do serviço prestado por quem me atendia. Em alguns locais em que fomos imensamente bem atendidos; mas em outros ficamos abandonados; serviram-nos e apareciam apenas no final da refeição perguntando se queríamos algo mais; se a resposta era não, simplesmente entregavam a conta e desapareciam.
Depois de jantar e pagar a nossa conta, retornamos ao carro e nos dirigimos ao hotel. Estávamos bastante cansados do dia exaustivo que tivemos. Era hora de dormir para no dia seguinte pegar novamente a estrada. A Sandra não havia passado bem o dia, em especial pela manhã, com muita sonolência (provavelmente decorrente da medicação para gripe que havia tomado); era necessário descansar. Seriam quase 500 km até nosso destino; e no caminho havia a visita a Yosemite. No entanto o que mais nos preocupava era a chegada a San Francisco - uma cidade grande, com trânsito intenso, uma realidade diversa de tudo o que tínhamos vivenciado até este momento. Mas isso é história para o próximo pós-diário.

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